Muitas famílias enfrentam grandes dificuldades para gerenciar as emoções e comportamentos dos filhos e filhas. O desafio é tão grande que, não raro, pais, mães e educadores entram em sofrimento e até mesmo em desespero.
Sem entender o que se passa com os pequenos fica difícil, para não dizer impossível, lidar com as situações.
O que aconteceu com o mundo? Antigamente as crianças não eram assim, bastava um olhar de censura dos pais e tudo estava controlado. Pois a questão, que já não é de hoje, mas de algumas décadas, reside no fato de que as normas de convivência e os padrões de relacionamento passaram a obedecer a uma nova lógica.
Entendendo as relações atuais dos relacionamentos e da sociedade
Antes, com o predomínio de uma sociedade autocrática, as relações eram pautadas pela dinâmica do poder e da dominação. Um mandava e o outro obedecia. Patrão manda no empregado, o pai manda na mãe, os pais mandam nos filhos, os irmãos mais velhos mandam nos mais novos e assim por diante. Por mais estranho que possa parecer hoje, a dinâmica autocrática era aceita, regulava as relações e, de certa forma, organiza a sociedade. Apesar de chocar a mentalidade corrente de nossa sociedade, as relações de poder e dominação de outrora, via de regra, eram entendidas como adequadas e guardavam o que se entendia como a prática do respeito entre as pessoas.
A autocracia que predominava nas relações guardava, essencialmente, a prática da obediência.
Acontece que, com o advento da sociedade democrática, a prática das relações sociais passou a ser pautada pelo respeito, pela participação e pela consciência do certo e do errado. Portanto, esta transição substituiu a obediência pelo respeito à opinião do outro e a consciência. Desta forma, não é difícil nos depararmos com sentimentos de mágoa e ressentimento quando, por algum motivo, não somos ouvidos ou considerados.
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E agora? O que fazer com nossas crianças?
Rudolf Dreikurs, em sua obra Children: The Challenge, com certo senso de humor fez a seguinte afirmação sobre esta mudança da sociedade autocrática para a sociedade democrática:
“Um dia o homem perdeu o controle sobre a mulher e, então, os dois perderam o controle sobre os filhos”
Vejam que não se trata de uma afirmação machista, muito pelo contrário, é o reconhecimento de que a sociedade se transforma e, com a mudança, as relações humanas se transformam. Novas ideias e novas mentalidades exigem novas normas de convivência.
Se antes, uma criança bem educada era uma criança obediente e que demonstrava respeito ao atender o que o adulto demandava, hoje uma criança bem educada é aquela que tem consciência do que é certo e errado, que sabe tomar decisões respeitosas para si mesma e para os outros e que, enfim, age de forma consciente e faz o que é correto mesmo quando ninguém está vigiando.
Nesta nova lógica, pais devem se preocupar em construir habilidades socioemocionais e valores éticos para que as crianças possam construir seu próprio “Kit de Sobrevivência”, como autonomia, automotivação, resiliência, autoestima, perseverança e responsabilidade.
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E as emoções das crianças o que tem a ver com tudo isso? Na verdade… tudo!
Vamos lá!
Quando falamos dos aspectos da sociedade democrática, e da construção de qualidades essenciais em nossas crianças, precisamos mencionar o escopo científico que melhor representa estes aspectos. Sem dúvida o precursor do que hoje denominamos de Disciplina Positiva é Adolf Adler, seguido de Rudolf Dreikurs e, finalmente, Jane Nelsen, que organizou este escopo teórico em verdadeiro compêndio prático de ferramentas parentais que instrumentalizam práticas de criação de excelência.
Feito este reconhecimento, como bem colocado por Adler, para iniciar o entendimento dos processos emocionais de nossas crianças, precisamos entender alguns aspectos básicos. Primeiramente, a criança tem duas necessidades básicas, que permanecem inclusive na vida adulta: a criança necessita de PERTECIMENTO E RELEVÂNCIA.
A partir destas duas necessidades básicas, acrescidas do reconhecimento de que a condição humana é, essencialmente, de um SER SOCIAL. Isto é, toda nossa construção emocional depende das relações sociais em que estamos inseridos. Portanto, o ecossistema em que nossas crianças estão inseridas é determinante da construção das necessidades básicas de Pertencimento e Relevância. Importante ressaltar que, na presente abordagem, o Pertencimento significa ser aceito, querido e amado no ambiente onde está inserida a criança, seja a família, a escola ou grupo social de convivência, enquanto que a Relevância está relacionada com a ideia de que a contribuição da criança neste grupo social é reconhecida e valorizada.
Isto posto, ao se sentir pertencente e relevante, a criança constrói sua identidade de forma saudável, com alta autoestima, sentimento de competência e segura do apego das pessoas ao seu redor. Estas construções emocionais serão base das motivações e comportamentos. De forma inversa, uma criança que não se sente amada e relevante, desenvolverá sentimentos e emoções negativas de rejeição, ressentimento, tristeza, incompetência e inadequação. Todos estes aspectos alicerçarão os motivos e crenças que explicam toda sorte de estruturação emocional negativa e comportamentos inadequados.
As lições da disciplina positiva mostram os melhores caminhos para as práticas parentais e educacionais que levam a criança ao desenvolvimento psicossocial e emocional saudáveis. Pautada pela contribuição da Parentalidade Positiva, em que predominam o equilíbrio entre a gentileza e a firmeza, atualmente pais e educadores podem construir o entendimento sobre o desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens com a ajuda da ciência e de profissionais competentes e experientes nesta área.
Um exemplo destas práticas de formação parental para o entendimento do desenvolvimento socioemocional das crianças é o Programa de Parentalidade Positiva da PEN Life International School.
Quer saber mais? Conheça a PEN Life e as ferramentas da Disciplina Positiva.
Dr. Ricardo Gaspar
Diretor Acadêmico
PEN Life International School